quinta-feira, 22 de abril de 2010

Blasfêmias

(originalmente publicado em)
Itabuna, quinta-feira, 19 de fevereiro de 2004

Blasfêmias

Revela Tua face, covarde,
Teu sorriso irônico e vil
Por todas desgraças que fazes.
Deixa-me ver-Te, imploro!
Deixa-me ter a certeza
De que não és um maldito.
Faze-me crer em Tua bondade
Por tolos, sempre defendida.
Porque insiste em Te esconder?
Porque brincas de fantoches?
Porque sequer me respondes?
Deixa-me morrer em paz
Para, na minha viagem
Encontrar-Te, desgraçado,
E ter o prazer amargo
De cuspir na Tua cara
Pois Tu és o Deus adorado
De cegos, incapacitados,
Que não percebem Teu plano,
Criador do caos em que andamos.
És uma criança travessa
Que quebra os bonecos de barro
Cansados de Tuas brincadeiras.
Em Teu tédio foram fabricados
Homenzinhos que manipulas
Até Te cansares de usá-los.
Dize-me porque és amargo!
Como eu, foste Tu criado
Por outro deus sádico e mau?
Por isso queres vingança?
E extravasas Tua frustração
Em nós, humanos malditos,
Brinquedos em Tuas mãos?
Odeio-Te tanto, Senhor Deus
Por todo o mal que fizeste
Ao designares para sofrer
Aqueles que são filhos Teus.

Itabuna, num dia em que tudo parece não poder piorar...mas sempre é possível.
Gustavo Carneiro de Oliveira
02.09.2003

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