quinta-feira, 22 de abril de 2010

Insônia

(originalmente publicado em)
Itabuna, sábado, 2 de outubro de 2004

Insônia

Súbito, zumbidos ecoam pelo quarto, retumbando nos meus ouvidos como gritos agonizantes de tropas infernais. O que era torpor, agora é vigília. Tenho que fechar os olhos, preciso fugir, e me proteger! Mas eles estão lá! E gritam! E fazem algazarra, celebrando um banquete do qual eu sou o prato principal. Escuro. Apenas um tosco raio de luar adentra o ambiente, pela janela semi-aberta. Mas ainda está escuro. Não os vejo, mas sinto que eles estão lá. Preciso cerrar os olhos, tapar os ouvidos, e apagar o turbilhão que roda dentro da minha mente.
Logo o sol vai nascer e tudo ficará perdido nesta madrugada. Logo será dia. Logo virá a paz... O torpor toma conta de novo, e não mais ouço o zumbido intermitente. Penso na sua presença calma e serena. Sorrio. Aos poucos meu corpo relaxa, e minha respiração se torna menos ofegante. Vou descansar. Vou dormir. Na esperança de sonhar. Não mais com imagens perturbadoras de outrora. Mas com seu rosto tranquilo. Com seu sorriso tão belo, que me conduz a um reino paradisíaco, do qual não quero mais escapar. Agora não sei mais se adormeço ou se estou acordado. Não sei. Tudo se funde quando lembro dos seus olhos Posso estar dormindo. Mas bem posso estar desperto. Não sei. Pois quando lembro de sua presença, todo momento me parece um sonho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário