quinta-feira, 22 de abril de 2010

Dúvida

(originalmente publicado em)
Itabuna, segunda-feira, 26 de abril de 2004

Dúvida

No céu, as nuvens negras dançando
Como dançam sombras e fantasmas
Na parede cinza da minha mente -
Essa imensidão obscura e sinistra
Que não sabe o que pensa e o que sente.

O Caos esmaga o Ordenamento,
Antes dominador deste mundo.
Agora apenas emite seu lamento
O último estertor de um moribundo.

Demônios riem com sarcasmo
Fazendo florescer ressentimentos
Asquerosos, putrefatos e sangrentos,
Assassinos do Entusiasmo!

Conceitos são frágeis como cristal,
E escorrem, inertes, para o esgoto
A Certeza, não mais que um ente ignoto,
Encontra o seu fim com este mal.

Os ventos anunciam a tempestade
Inexorável, a cair, numa torrente
Arrasando impiedosamente
O que não satisfaz sua vaidade

Convicção é uma carapaça
Cobrindo, das Idéias, os escombros -
Restos mortais deixados sem assombro,
Pela Dúvida, eterna ameaça!

À espreita como um lobo faminto,
Nesta mente agora sem razão,
Reside a Incerteza, a Escuridão...
Não sei o que penso ou o que sinto.

Itabuna, 25.11.2003
Gustavo Carneiro de Oliveira

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