sexta-feira, 23 de abril de 2010

Jus amoris

(originalmente publicado em)
Itabuna, segunda-feira, 11 de setembro de 2006

Final de Inverno! A semana começa de forma singular... Tensa, solitária, mas não há tristeza... Sabe-se lá por que... Talvez seja a vacina, o costume com a lama que sempre nos espera. Ou vai ver estou me rendendo à pressão social para ser feliz!
Meus amigos choram saudades, e eu... Bem, eu penso no quão amargo tenho me tornado, com certo alívio por não ser mais um tolo, ingênuo, esperando sempre algo de bom das pessoas. E com medo de ressuscitar a Carolina, perdendo totalmente tolice e a ingenuidade, deixando de esperar sempre algo de bom das pessoas. E viva o paradoxo! Começo a sentir a naturalidade de receber diariamente más notícias, e de perceber que os lugares que amamos nem sempre nos recebem de braços abertos. Estudando Direito Constitucional, aprendi que a "nacionalidade" pode ser definida com base em dois critérios: jus sanguinis e jus soli. O jus soli vincula o indivíduo ao lugar onde nasceu, independentemente da nacionalidade dos seus pais. O jus sanguinis confere a nacionalidade ao indivíduo com base na nacionalidade dos seus pais, independentemente do local onde tenha nascido... Refletindo sobre isso, perguntei-me de onde viria a obrigatoriedade de amar um lugar, apenas por haver um lugar... Penso no orgulho q não sinto pelo meu país, e penso em como algumas pessoas são condenadas pelas demais, apenas por não se sentirem vinculadas ao chão de onde vieram... Penso naqueles que saem de suas cidades natais e não se identificam com o lugar onde chegam, e também nos que passam a vida inteira num ponto do planeta tristes, por pensarem que sempre se pode descobrir um lugar melhor. Então vejo que estou de volta! E me pergunto: "por que fiquei satisfeito?" Então concluo que mais forte que jus sanguinis ou o jus soli, é o jus amor, que eu acabei de criar, e que na minha tese, vincula-nos a um local com base nas relações que ali fazemos. Lamentavelmente o Ordenamento Jurídico Brasileiro não reconhece o jus amor como válido para conferir nacionalidade a ninguém...
Então penso que cheguei à cidade há alguns dias atrás, recebi telefonemas, fui cotado, minha presença foi solicitada... Foi bom sentir de novo que sou querido.
Os dias se seguem, a rotina volta... O Dia da Libertação acabou com uma tentativa de agressão. Foi assustador, mas no final deu tudo certo. Auto-afirmei minha coragem, e bem que estava precisando... Os resultados das provações nem sempre são como desejamos. 72 pontos! Isso é medíocre! Talvez mesmo abaixo disso! Frustração e medo dão as mãos e saem juntas passeando, rindo e falando alto, para marcarem sua presença!
E no fim, uma amiga de longe se despede com um abraço, depois de um final de semana sem sono, o que traz o conforto e a paz, ausentes até então.
E lá fora o céu continua nublado, e eu continuo pensando, sem conseguir chegar a lugar algum... Triste? Não. Decepcionado. Não mais. Ansioso? Meu estado permanente. Medo? Muito! O dia de hoje me assombrou tanto ontem. E amanhã? O hoje terá ficado pra trás... Boa noite, e carpe noctem!

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