sábado, 24 de abril de 2010

Soneto ao sono e à tempestade

Soneto ao sono e à tempestade

Na calma sorrateira desta hora morta
Quando as águas rolam pela noite em breu...
Riscando o firmamento com suas linhas tortas
Coriscos rutilantes: fogo fátuo no céu,

Trazem o rastro rouco de seu estampido,
Rasgam a escuridão os ecos de suas cores!
Lá fora o vento indócil fustiga, enraivecido
Os galhos dos arbustos, que se dobram em dores...

Oh, chuva, vela o sono deste, cuja falta
Adentra minhas janelas qual torrente!
Cala-te, trovão! Não vês que ele descansa?

Relâmpagos, como luzes na ribalta,
Iluminem os sonhos deste anjo dormente,
Não deixem a aurora despertar minha criança.

Gustavo Carneiro de Oliveira
(Numa madrugada de luzes e águas, sons e sonhos, 15.01.2010)

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