sexta-feira, 23 de abril de 2010

Soneto Para Um Cego

Soneto Para Um Cego

Do irmão, se o sorriso te é exposto
E aos teus olhos descortinam-se alvos dentes;
Do abraço, se o aconchego é o que sentes...
E, quão macias mãos deslizam no teu rosto?

Se suave é o afago, e te enterneces.
De milhões, se um chamar-te 'meu amigo',
E se este, em sua dor, conta contigo
E se ao teu nome, pede dádivas, em preces...

'Inda te queixas de seres só, tão inseguro.
Como és tolo! Olha a ti mesmo, não percebes?
Não te enxergas como deves: belo e puro?

Se de um o amor recebes - e de um é certo! -
Agradece a ti mesmo! Rompe o muro
Que de ti mesmo te afasta, estando perto.

(A Ramon, uma das almas mais belas que encontrei, mas que ainda não aprendeu a ver)

Gustavo Carneiro de Oliveira, 11.07.2006

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