sexta-feira, 23 de abril de 2010

A Partida II

(originalmente publicado em)
Itabuna, sexta-feira, 10 de novembro de 2006

DEPOIMENTO DO ORKUT, POR MARCEL PIRES
"Vai, se você precisa ir..."
Não me peça para não ficar triste. Não me peça para não ficar com o coração apertado. Não, não é apenas uma partida qualquer, um breve adeus... As pessoas entram em nossas vidas de maneiras mais variadas possíveis... e permanecem fazendo parte de nossas vidas de outras maneiras mais variadas ainda. Nem sempre próximas fisicamente, mesmo morando na mesma cidade. Nem sempre compartilhando os mesmos mundos, as mesmas rotinas. Mas não deixam de fazer parte...
Ainda mais quando essas pessoas são tão parecidas que acabam parecendo diferentes. Ainda mais quando essas pessoas não conseguem realmente expor o que sentem uma pela outra quando há o desejo de expor. Por qual motivo? Timidez? Medo? Não sei, queria ter essa resposta, mas não a tenho.
"Vou ficar aqui, com um bom livro ou com a TV..."
Quanta ironia nos aproximou. Quanta felicidade sinto hoje por isso. E quanta tristeza me consome agora... tristeza tanta que até evitar te encontrar esta semana o fiz. Não foi por mal, entenda. Foi por defesa. Eu me conheço! Da mesma forma que preferia te dizer tudo isso que aqui está escrito pessoalmente. Mas não consigo!
E agora? Um ciclo se encerra para você. E por que não para mim e para àqueles que te cercam aqui? Mas por que não encarar isso como um início de um novo ciclo, e não como um fim? A tristeza fica, mas aos poucos ela dará lugar à esperança. As lágrimas caem, mas aos poucos elas secarão à espera do próximo reencontro, seja onde for.
"E quando você voltar
Tranque o portão
Feche as janelas
Apague a luz
e saiba que te amo...”
Vai filho... siga teus rumos. Busque tua felicidade. Não se corrompa nunca. Não deixe de ser essa pessoa 'insuportável' que és. Não deixe de ouvir nossas músicas compartilhadas. De ver nossos filmes compartilhados. Não deixe de sonhar. De gostar de gato. De correr com o 'discman' saltitante junto à bermuda. De comer soja e salada. De pintar o cabelo. De se embriagar com vinho. De ouvir 'Sigur Rós' quando estiver frio e solitário. De ler 'Wilde' e perceber não quão insignificantes somos, mas como grandiosos podemos ser. Não deixe de tentar ser feliz nunca.

Boa noite.

Chega a hora... O Medo bate à porta, pede licença, e chega! É inevitável. Mas não vem sozinho. Traz consigo a Melancolia, e a Ansiedade. Mas a porta ia ser fechada. Achei que as visitas estavam todas dentro de casa. Já ia preparar o assento e oferecer-lhes um chá...Mas não. Lá no cantinho estava ela, a Esperança. Tímida, recatada... Foi pedindo espaço devagar, sem querer aparecer muito. Com medo de não ser bem-vinda. Mas ela também entrou. Sentou. E por um instante todos os visitantes silenciaram, apenas olhando para mim... E eu estava sem saber a quem servir primeiro...
Nesta desordem, olhei as caixas à minha volta, e pensei na vida que estava guardada dentro delas. Experiências boas, e más. Tantos risos, e tantas lágrimas... Pareceu um filme, curto... Mas longo o bastante para eu pensar "Isso vai me fazer falta". De fato, sentirei falta de muita coisa. São seis anos, e não seis dias.
Mas por outro lado, o novo vem aí para dar a oportunidade de eu reconstruir algumas ruínas. Poder ter a chance de começar do zero. Usar os erros pretéritos e não repeti-los nas chances futuras, entregues de presente para uma nova vida.
E amanhã estarei olhando esta cidade que um dia foi meu lar. A saudade vai bater, e talvez a vontade de chorar seja grande. Mas o mundo tem muito mais a ser visto! E as visitas... Bom, irão comigo onde quer que eu esteja!

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