sábado, 24 de abril de 2010

Os versos que nunca te fiz

Os versos que nunca te fiz

Perdoa, Amor, os versos que nunca te escrevi...
Perdoa este poeta sem inspiração,
incapaz de lançar no papel,
inábil a cantar a felicidade
que os últimos tempos trouxeram,
vinda, não sei bem de onde,
mas que, em algum ponto te encontrou
e chegou até mim, trazida por ti!

Perdoa se, por mais que tentasse
nunca tenha conseguido dedicar a ti
sequer uma rima!
Desculpa!
Nos versos que nunca te fiz,
tantas noites de alegria e calor
não puderam ser traduzidas
permanecendo eu absorto em meus pensamentos,
calado, sem mesmo saber como
te mostrar o tamanho da tua beleza!
(E neste aspecto, faz o espelho
um trabalho melhor que o meu olhar
quando me encontro ao teu lado?)

Nos versos que nunca te fiz
deixei de registrar tantos momentos
em que, ao teu lado, tão-somente
cerrei os meus olhos – e os teus –
calei tua boca com um beijo...
naquela horas, quando a noite é silente,
e os abraços embalaram nosso sono.

Tantos crepúsculos e alvoradas
perderam-se na memória
sem que minhas mãos pudessem
empunhar a pena sobre uma folha maleável
para descrevê-los a ti
em todas as cartas que nunca te deixei.

Nos versos que nunca te fiz
não descrevi teus olhos e teu sorriso perfeito,
tampouco detalhei os cachos e ondas
formados no teu cabelo...
E teu corpo... Ah! O teu corpo
no qual tantas vezes me abriguei,
entorpecido, como quem secou a garrafa
e agora contempla, feliz,
a miríade de estrelas
rodopiantes da alucinação da embriaguez

E assim, perdoa...
Perdoa cada letra mal talhada
Que jamais grafei a ti,
Todas as estrofes que nunca estruturei
E cada bilhete
Que não guardei nas tuas algibeiras...

Perdoa, Amor, pois cada instante,
Conquanto não registrado em todos os versos
Que jamais te escrevi
Permanece gravado no muro das minhas lembranças...
Transcrito e explicitado
Na permanência do meu sorriso.

Gustavo Carneiro de Oliveira
Rio, 06.12.2008

Nenhum comentário:

Postar um comentário