quinta-feira, 22 de abril de 2010

Não desejarei boa noite

(originalmente publicado em)
Itabuna, domingo, 16 de maio de 2004

Oi.

Não desejarei boa noite. Não é uma boa noite. Não falarei sobre o amanhã. Gostaria que o amanhã nunca chegasse. Não contarei piadas, nem serei engraçado. Minha vida descortinou um espetáculo de humor negro à minha frente. Não sei se posso contar. Aliás, posso, não sei se conseguirei. Não quero tentar. Estou cego. A raiva me cega, a tristeza me cega. Estou cego, mas não mudo. Posso gritar se eu quiser. Para quem me escutar? Há alguém aí para me ouvir? Não vou gritar. Agora é tarde! Um dia quis gritar para apenas uma pessoa me ouvir. Um dia a sua opinião era tudo o que me importava. Hoje essa pessoa não me ouve mais. Não adianta mais gritar. Um dia eu chorei, porque eu sabia que uma mão viria me acariciar. Hoje eu chorei porque não sei mais receber carinhos. Estou com raiva de mim mesmo. Estou com ódio de alguma coisa que não sei explicar. Não sei explicar o que eu sou. Não sei explicar o que guardo dentro de mim. Que espécie de monstro quer sair? Apenas a tristeza sussurra palavras hediondas em meu ouvido desnorteado. Estou triste. De verdade. Eu fico triste. Eu sinto. Eu quero ter sentimentos. Eu quero chorar. Eu quero mostrar que eu sei amar. Eu amo! ALGUÉM, POR FAVOR ACREDITE EM MIM!!! Eu não sou um monstro. Eu sei amar. Eu sei amar. Mas não o farei. Não darei esperanças. Não há nada de belo que se possa esperar. Eu não desejarei "até logo". Por mim, eu acabaria agora.

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