quinta-feira, 22 de abril de 2010

Cegueira

(originalmente publicado em)
Itabuna, quarta-feira, 7 de abril de 2004

Cegueira

Teu olhar tristonho
Dentre os belos é o primaz
Atravessá-lo, um sonho!
Revela-me o que aí jaz!

Muitas vezes minh'alma se despiu
Ante a tristeza destas crianças,
Pequenas amêndoas de casca tão fina.
Frágeis, brincam na minha lembrança.
Hoje, tua doçura não me alcança,
Foge, ocultando-se na neblina
Porque embaçaste teu brilho?
Porque ofuscaste tua luz?

Sequer pudeste contemplar
O que de mais belo a ti foi apresentado!
Tão frios, teus olhos (ainda lindos)
Condenam aquilo que não vêem.

Não sois agora mais tristes
Que eu, focado, julgado.
Porque tanto ódio? Olha!
Porque te fechas? Vê!
Não apaga a luz!
Deixa que te iluminem!
Tua graça, revela ao mundo!

Mostra tua beleza
Ingênua, de infante.
Olha à tua frente,
Vê as cores adiante.

É injusto deixar tais beldades
Como estas bolas de gude marrons
Afogarem-se em tanta maldade
Por ti mesmo, e só por ti, criada!

Tens lindos olhos
Infantis, grandes, curiosos,
Sobretudo, travessos.
Olham, mas não enxergam
E não te revelam o que encontram...

Pequenas crianças, sei porque
Sois tão tristes.
Vossa dor é proveniente,
Não daquilo que enxergais,
Mas, do que a vós é mostrado.
E não podeis ver
Apenas por não quereres.

Itabuna, 22.03.2004
Gustavo Carneiro de Oliveira

Nenhum comentário:

Postar um comentário