segunda-feira, 7 de junho de 2021

Ame-se. Odeie o mundo em que você está.

Ame-se mesmo quando você fracassa. E isso não é uma mensagem de autoajuda. Nem é do meu feitio. Se fosse autoajuda seria "ame-se e você nunca irá fracassar, porque quando a gente quer a gente consegue". Odeio autoajuda.

E não, nem sempre a gente consegue quando quer. Quase nunca, na verdade. A vida é uma desgraça. E por isso mesmo, é preciso que você se ame e perceba que você não é culpado/a pelos seus fracassos. A responsabilidade é de um sistema dentro do qual você se insere: um sistema que não te dá oportunidade e te cobra resultados para os quais esse sistema não te preparou.

Por isso, ame-se, e ame-se muito. Perdoe-se pelos seus deslizes em vez de passar a vida se punindo. Pare de odiar a si mesmo/a. Se fosse autoajuda, seria "não guarde ódio de nada". Mas, não é. Odeie e odeia com toda força que você tem. Guarde seu ódio, cultive-o, deixe-o acumular. Mas não se odeie. Não direcione seu ódio contra si. Aponte-o para o sistema que te massacra. Desde destruir esse sistema da mesma forma que você deseja se destruir quando imerge em autocomiseração.

É com esse ódio que, depois de aprender a se amar, você irá lutar para destruir o sistema que te fez aprender a se odiar. Faça esse ódio crescer até virar revolução. E ame-se tanto, mas tanto, a ponto de acreditar que você merece o mundo que você pretende construir. Porque você merece.