segunda-feira, 11 de maio de 2020

Vírus x Armas

Nos EUA, desde o advento da pandemia, de fevereiro a março de 2020, a venda de armas subiu de 1,2 para 1,9 milhões de armas vendidas. As pessoas que incentivam o fim do isolamento são as mesmas que defendem o armamento do cidadão. Se a quarentena for mesmo interrompida e o pico da doença alcançar os números de suas previsões, teremos multidões de doentes nas ruas, com cadáveres apodrecendo nas calçadas, como vimos no Equador.

A estigmatização decorrente de doenças não é novidade na nossa sociedade, e basta lembrarmos de uma declaração recente do presidente Bolsonaro, quando fomentou a segregação afirmando que portadores de HIV representavam uma despesa ao Estado. A casa em cuja calçada se decompõe um morto será marcada como um local de disseminação e seus habitantes serão vistos não mais como pessoas, mas como agentes de disseminação do vírus.

Em filme de zumbi, a vítima/mocinhx é sempre alguém não infectadx. Para combater aquela legião de mortos-vivos, pode se valer de armas de quaisquer calibres e mesmo assim, ganha a torcida do espectador. Os zumbis não escolhem sua condição. Em sua maioria, são resultado de um vírus, uma bactéria, uma mutação... Não importa, é sempre uma doença largamente infecciosa.

Quando o "cidadão de bem", com seu novo marcador social de "cidadão saudável" sair atirando em eventuais "agentes de disseminação", não devemos nos surpreender. A arte sempre imita a vida.

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