domingo, 6 de janeiro de 2019

Amizades desfeitas e a Democracia representativa

(Originalmente publicado no meu Facebook em 26.03.2017)

Não vale a pena se afastar das pessoas por causa de candidato político?

Nosso sistema político é representativo, o que significa que quando damos nosso voto a um candidato, estamos conferindo-lhe que nos represente. A isto damos o nome de democracia representativa: o poder exercido pelo povo, através de seus representantes. Estamos dizendo que seu pensamento é alinhado com o nosso e esperando que ele faça em nosso nome aquilo que não temos como fazer. É como passar uma procuração para alguém exercer um poder que me cabe.

E aí, você pensa que não vale a pena se afastar daquele seu "amigo" que apoia um Bolsonaro, por exemplo, qualquer um daquela famigerada tradicional família racista, misógina e homofóbica. Ou aquele parente que acha lindo o discurso homofóbico que fala em Jesus e em Deus com uma naturalidade incrível para quem defende o preconceito, do Ezequiel Teixeira, aquele pastorzinho da igreja da cara de leão, que veio, com a voracidade da fera, devorando os direitos humanos ao assumir sua secretaria no Estado do Rio de Janeiro, de forma similar ao que Marco Feliciano fez em nível nacional quando foi alçado à presidência da comissão.

Ora, se meu "amigo" diz que apoia um Bolsonaro, está me dizendo que apoia a violência contra gays, a discriminação contra negros e o estupro de mulheres. Sua mensagem é clara: "estou dando ao meu candidato a representatividade para atuar em meu nome, fazendo por mim aquilo que eu faria, mas não posso". Estou ouvindo do meu "amigo" que ele apoia um candidato que se dispõe a brigar contra quem eu sou, que está verdadeiramente disposto a empreender um embate para combater não só a mim, mas todos aqueles que me são semelhantes.

Mas, em nome da camaradagem, devo aceitar que meu "amigo", meu tio, meu primo ou meu avô concedam a um candidato disposto a transformar a minha vida num inferno, poder para atuar e colocar em prática seus planos doentios?

Não, obrigado. Se alguém se dispõe a dar a um candidato poder para fazer isso tudo, não devo lhe outorgar minha amizade, tampouco devo lamentar se a política me tirar esse tipo de "amigo" do caminho.

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