sábado, 28 de janeiro de 2023

Violento é o Capitalismo

Hoje participei de uma reunião da UJC Rio de Janeiro , a União da Juventude Comunista do Rio de Janeiro. Não tinha pretensão de abrir a boca num espaço formado por jovens para jovens. Estava quietinho no meu canto, apenas ouvindo o que aquela garotada inspiradora tinha a dizer. Até que um dos presentes falou sobre violência revolucionária. Era sua primeira vez numa reunião voltada a debater os desafios e as propostas necessárias ao avanço do socialismo numa sociedade polarizada entre uma extrema direita e uma centro-esquerda que constantemente faz um afago no neoliberalismo.

Ali, uma dúvida legítima foi levantada e eu não consegui ficar quieto. É muito comum ver pessoas rejeitarem a saída socialista por entenderem-na como violenta e, consequentemente, como uma medida moralmente reprovável. Quem me acompanha já se acostumou a ver que o discurso moralizador sobre a violência é um assunto que me mobiliza com uma certa força. Primeiro porque debater política é debater estrutura social e não moralidade. E depois porque, ainda que estivéssemos sopesando condutas individuais pelo viés da moralidade, a violência revolucionária não apenas não é imoral, como também é legítima.

Pedi licença e expus em três minutos — o tempo de marcação das falas de cada camarada que pedia a palavra — um resumo do que já ando falando há alguns anos: a violência não é um horizonte, mas muitas vezes é o único instrumento do qual dispomos.

Numa fala um tanto quanto atabalhoada de uma pessoa tímida que não tem muito traquejo em falar para coletividade, chamei atenção para o poder da ideologia que nos faz normalizar uma materialidade de opressão que já é extremamente violenta, mas que naturalizamos a tal ponto de a chamarmos de ordem social. E como essa ideologia impregnada na formação da nossa subjetividade nos faz considerar como violentas justamente as medidas que precisamos adotar para fazer cessar essa realidade violenta cotidiana que permite que 800 milhões de pessoas passem fome num sistema que já produz riqueza para alimentar seis vezes a população mundial, que hoje é de oito bilhões.

Enquanto a moralidade dominante insistir em demonizar meu discurso, tachando-o violento e, portanto, contrário ao que é "o certo", não vou me cansar de repetir as ideias que Paulo Freire traz na Pedagogia do Oprimido: a opressão é a relação inaugurada pela figura do opressor e, portanto, só existe porque existe o opressor. A partir do momento que quem lhe deu causa não lhe dá termo, somos nós que devemos fazê-lo, por qualquer método que se fizer necessário.

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