Qual mendigo que se vê privado,
Por força maior, de suas parcas posses:
O lençol roto que lhe guarda
Das ameaças que descem à noite do céu...
Qual paisagem árida na Terra
Que tem de si extirpada
A única planta verde que medrou
Entre as rugas abertas no solo rachado...
Moribundo que segura firmemente
O fio único de vida que lhe resta
E tem de si desenganada a esperança
De abrir os olhos na manhã que chega
Assim me quedo se me tiram a fé,
Pois que já não é tanta,
E de tão custoso surgimento,
E por tão escassa, é deveras preciosa.
Se me falta do amanhã a contemplação
Foge sob meus pés o chão que piso
Se me falta a fé que já é pouca
Nada resta de onde nada havia.
17/05/2017
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