Depois do sim
Tragédia da vida é o "não" não pronunciado,
que abre caminhos para as pequenas infelicidades cotidianas
(porque a infelicidade reside nas pequenas coisas)
Sorriso que se desfaz
Na estonteante velocidade com que secou a fonte
De tanto transbordar.
Porque tanto transborda e um dia se esvai.
Até que nada mais importa.
Já que copo estará sempre meio vazio
Ainda que cheio para acima da metade.
A coerência manipulada
Pela lógica sepultada
Depois da qual, nada resta
Porque nada mais importa
Ninguém é um presente.
Gente que somos,
Erramos ao crer que o destino nos tornou coisas
E nos entregou como coisas
Para que nos depositássemos feito coisas
Na prateleira distante onde largamos as coisas
Quando somos gente.
A existência se protrai
Enquanto as ilusões se descortinam
Porque amor é aquilo que escorre pelo ralo
Com a gordura de cada prato sujo deixado sobre a pia.
Gustavo Carneiro de Oliveira
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