segunda-feira, 13 de junho de 2016

A Revolta de Atlas ou Quem é John Galt?

Sou simpatizante do pensamento esquerdista, de dar igualdade de oportunidades a todos e dividir dentre todos os resultados.

Mas, para não me perder na visão de um só lado, venho buscando, como em tudo que faço, conhecer o lado oposto. Assim, vou contrapondo paradoxos e formando minha opinião através de um processo dialético. E juro que tento ser o mais imparcial possível em minha análise.

Um amigo de direita me indicou a leitura do romance A Revolta de Atlas, de Ayn Rand, escrito em 1957, que, segundo ele, mostraria a mim uma outra visão do Capitalismo e mudaria completamente minha percepção sobre os ideais socialistas.

Ainda não terminei a leitura da imensa obra de cerca de 2.000 páginas, mas, tendo ultrapassado a metade do livro, o que já não é pouca coisa numa leitura de tanto conteúdo, creio que posso me posicionar acerca da ideia ali trazida.

O obra mostra o declínio de um país solitário em que o Capitalismo agoniza em meio a um mundo dominado pelo Socialismo. Os heróis do enredo são os empresários de princípios éticos rígidos, que tentam a todo custo demonstrar que a produção de bens e serviços compartilhada entre pessoas não qualificadas gera escassez, acarretando, consequentemente, no colapso de toda a economia. Sem a produção das grandes empresas, a população sofre com desemprego, com a fome, com falta de bens essenciais. É, de fato, um cenário aterrador.

Enquanto lutam para ter o direito sobre suas empresas, o casal protagonista combate um Governo formado por homens hipócritas que tentam, de todas as formas, usurpar bens e serviços, supostamente em nome do bem público. Ao longo do romance, o leitor não consegue não torcer para o êxito de Dagny Taggart e Hank Rearden, que mostram com o trabalho, que o destino do país não está em um regime socialista imposto por uma oligarquia oportunista, que visa a se apossar do resultado da produção em detrimento do mercado e da população e com o sacrifício dos grandes empresários. Antes, mostram que a atividade econômica, se explorada por profissionais competentes, gera empregos e lança serviços e produtos no mercado, trazendo conforto a toda a população.

E aí, infelizmente, percebo que o livro sensacional de Ayn Rand ainda está longe de me convencer a mudar de ideia. Porque sua falha argumentativa é evidente ao tomar por premissa que os socialistas são, necessariamente, homens fracos e incapazes que, por nunca terem obtido sucesso e dinheiro em suas atividades comerciais, passam a perseguir aqueles que o obtêm. Da mesma forma, o livro mostra industriais e empresários honrados e de índole irrepreensível, que não exploram o homem, mas que pagam salários justos e acima de qualquer mercado, dando a cada empregado, condições ideais de exercer sua profissão.

Óbvio que o livro não se resume apenas a isto e traz diversos outros debates filosóficos paralelos, como o paralelismo entre individualismo e altruísmo, questionamentos acerca do amor próprio e dos sacrifícios pessoais, hedonismo, epicurismo, etc. É uma das bases da filosofia objetivista, com a qual até nutro alguma identificação.

A leitura é recomendadíssima! Claro que, abstendo-me da realidade e aceitando como contexto o cenário ali pintado, minha torcida será para que os heróis da estória derrubem aquele governo socialista e devolvam o equilíbrio ao mercado, voltando a produzir, voltando a gerar empregos e punindo aquelas pessoas que nunca produziram nada, mostrando que o futuro do país e do mundo está no Capitalismo.

Fora do contexto do romance, no entanto, ainda espero ser convencido de que a exploração do homem pelo homem e a centralização dos meios de produção em monopólios ou oligopólios seja mais útil à sociedade que a igualdade de oportunidades e equilíbrio das desigualdades sociais através de subsídios estatais.

O que vejo, no entanto, é que qualquer sistema econômico pode ser justo ou injusto enquanto a mudança de caráter não ocorrer dentro dos indivíduos que o compõem. E neste caso, não direcionaria minha predileção para o Socialismo ou para o Capitalismo. Mas, para a real valorização do ser humano, o que não sei se algum dia chegará a existir.

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