terça-feira, 22 de junho de 2010

Balada do Desencontro

Balada do Desencontro

Corre a Lua, que descansa
perdida, entre astros, n'algum ponto cardeal do planisfério....
Mas as noites não tem sido mais tão frias

Amaldiçoando o avanço das tecnologias,
todas as fibras óticas e sinais de rádio,
todos os satélites e ondas eletromagnéticas,
todas as mensagens criptografadas que viajam no espaço –
E que, tendo visto a Lua cerrar os olhos e adormecer,
languidamente, sob a linha do horizonte,
devem ter feito a cama sobre uma nuvem
e repousado a cabeça sobre um meteorito, tornado em travesseiro,
não alcançando pois, o seu destino –
Penso nos desencontros que me afastam o sono
(não obstante pese sobre os ombros
o acúmulo dos cansaços colecionados ao longo do dia,
e que nenhum abraço aliviou)

O ar, cada vez mais denso, não encontra os pulmões
pela trilha cerrada, qual mata virgem, das narinas.
Mas a mente passeia, e atravessa a ponte
tão leve, como já não é minha respiração.

E no instante em que, ao cruzar a rua, ao dobrar a esquina –
qualquer rua, qualquer esquina
(posto que em seu passeio noturno, meu pensamento
não divisa fronteiras, tampouco precisa caminhos),
em me veja de frente com o mar:
No verde que grita nos teus olhos,
no sal que verte por teus poros,
no abismo profundo da tua boca,
onde as línguas se agitam como ondas numa tempestade,
na força que choca meu corpo no teu,

Então, saberei que a busca está acabada.
Neste mar revolto, atracarei meu barco...

Poderei, finalmente – como a Lua – descansar
e aguardar os primeiros raios do Sol
a me aquecerem os pés.

Gustavo Carneiro de Oliveira,
madrugada de 22.06.2010

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