segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Pouco pode pensar quem tem tanto o que fazer

Sabe quando você se depara com pensamentos incomuns para os temas cotidianos, de filósofos antigos, que trazem aquelas ideias que você julga confusas e ao mesmo tempo incríveis? E nessa hora você se faz uma pergunta clássica: "Será que essa pessoa não tinha mais o que fazer da vida, para poder ficar pensando nessas coisas?" Quem nunca fez essa pergunta numa aula de matemática? Ou estudando Platão?

Então, a resposta a essa pergunta provavelmente era "não, não tinha". De fato, "ter tanto o que fazer" é uma realidade potencializada pelo capitalismo, que te impõe existir para trabalhar, enquanto produz riqueza para quem lucra em cima do seu tempo de vida.

Pessoas são "gênios" na história da humanidade porque puderam ser. Porque tiveram tempo para explorar suas potencialidades, como aquele seu amiguinho que canta bem pra caralho em todo karaokê, mas não pode explorar uma carreira artística porque passa oito horas do dia atrás de um balcão e seis horas preso em engarrafamentos nas idas e vindas de casa para o trabalho. Ou aquela colega de classe que desenhava incrivelmente e nunca se profissionalizou como sonhava por ter que fazer uma faculdade que "dá dinheiro". Virou engenheira e hoje dirige Uber.

O capitalismo não produz gênios, pelo contrário, sufoca-os. Quando Platão pensou sobre o Mito da Caverna, considerando sua origem abastada em uma família que possuía escravos, é bem possível que, de fato, não tivesse "mais o que fazer". Pense nisso, toda vez que você lembrar que nunca tem tempo para fazer aquela atividade que você gosta tanto, porque está sempre em permanente exaustão física e mental, causada por uma rotina de trabalho que não te realiza em nada. Apenas paga suas contas. Contas, aliás, que você não teria se não vivesse no capitalismo. Ah, aproveite para ler o Mito da Caverna e se perguntar depois, se o sistema capitalista não são as sombras na parede.

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