sábado, 7 de outubro de 2023

O choque de uma pseudoesquerda moralista e conservadora

Já falei aqui que tô com mais ranço da esquerda liberal que da extrema direita, né? É aquela parada, extremista de direita a gente já sabe que é idiota e não espera nada de bom. E eles conseguem ser coerentes! Não prometem nada e não entregam também. Já o campo de esquerda...

Teve um rolê aí do Ministério da Saúde em que teve até uma dancinha erótica que, claro, foi problematizada pela fascistada. E surpreendente (ou não) uma galera da base aliada também se engajou fortemente para criticar o Governo Federal. Um chororô de que a tal apresentação agora vai dar munição para a oposição, que vai finalmente ter um motivo para reclamar.

Na moral, cêis são chatos bagarai. Gostei da apresentação? Não, não gostei. Mas, sinceramente, o que não falta é motivo para criticar o governo federal, desde a privatização de presídio com apoio do BNDES, passando pelo arcabouço fiscal, até chegar no Jorge Paulo Lemann dando pitaco na educação que era para ser pública. E não vi nas redes a mesma insatisfação com o governo por parte desses setores moralistas dessa pseudo esquerda que a direita ama. Agora, foi só uma dançarina balançar a bunda num evento, para chover resmungo chamando de obscena a dancinha, apontando como lamentável o incidente e chamando de tiro no pé. O governo vai ter que se explicar, dizem.

Na real, obscena para mim é a taxa de juros do Banco Central a 12,75% ao ano, garantindo o pagamento de quase 550 bilhões de reais de juros para banqueiros e rentistas da dívida pública. E não vi os esquerdistas moderados fazerem barulho por isso. Sabe o que eu queria mesmo que fosse explicado: o assassinato do Diego, irmão da Sâmia, que estão dizendo que foi morto por engano, por estar no lugar errado com o sósia errado do miliciano que deveria ser o alvo. Sem querer plantar teoria da conspiração, não parece conveniente que os supostos assassinos tenham aparecido mortos e o caso esteja solucionado dois dias depois, substituindo-se as manchetes sobre esse crime brutal por uma dança de conteúdo sensual que toda a direita fascista decidiu alardear para fazer cortina de fumaça?

A direita não pode ver uma bunda chacoalhando que já começa o mimimi. E isso não é surpresa para ninguém. Já a ala moralista da esquerda seguindo o fluxo, chocada, exclamando "meu deus, uma bunda, quem deixou passar?" com a mão no colar de pérolas imaginário e ar de incredulidade, isso sim é de cair o cu da bunda. Enquanto isso o governo federal faz pacto com o Rio de Janeiro para colocar a guarda nacional revistando mochila de criança na porta da escola da favela sob o silêncio constrangedor de quem se ocupa mais com a bunda rebolante de uma dançarina que com o governo seguir enfiando o que pode e o que não pode na bunda da população.

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