quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Cai no golpe quem quer

A gente continua rindo deles. Olha como são toscos, kkk, a Cássia Kis de joelho na chuva, kkk. E esse pessoal aqui, que foi para a porta do exército de BH cantar Geraldo Vandré? Kkk, como são burros! Aceita que dói menos, bolsominion, kkk. Vai pro Afeganistão, kkk. Você viu o cara se jogar em cima do carro? Que vergonha alheia, kkk. Entrei no grupo deles pra zoar, pede choro impresso agora, gado, kkk...

E assim, vamos subestimando. A gente ri deles, a visibilidade deles cresce. A gente ri da burrice deles. Eles continuam crescendo enquanto rimos. Eles invadem ruas enquanto rimos. Eles tentam um golpe de estado enquanto rimos. E enquanto rimos, eles tomam para o si o poder do povo. Depois que nosso riso for asfixiado não vai adiantar chorar.

Isso tudo me lembra "A Lebre e a Tartaruga", aquela historinha infantil da corrida entre os dois animais. Todo mundo ria da tartaruga que, a passos lentos, ficava para trás, quando a lebre decidiu tirar uma soneca. Perdeu a hora, a tartaruga a ultrapassou e ganhou. Depois de ter sido subestimada.

Isso me lembra também o filme "Ele está de volta", no qual Hitler ressuscita no mesmo lugar onde era seu bunker, 70 anos depois do fim da guerra. Pensando que se trata de um ator de comédia fazendo paródia do Hitler real, as pessoas riem dele. E na troça, cedem-lhe espaço na mídia. Ele cresce. Na graça podem-lhe autógrafo. Pedem fotos com ele. Ele cresce. Torna-se popular. Daí em diante é spoiler. Assistam.

Aqui a gente também ri. E de riso em riso, alguém mais veste uma camisa da seleção brasileira e integra a horda, fazendo-a crescer. O golpe está acontecendo e não lhes damos credibilidade. Taí. Cai quem quer.

E pelo que vejo, parece que queremos muito.

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