sábado, 8 de julho de 2023

Representatividade que perpetua sistema opressor é inócua

Enquanto ativista LGBTQIAPN+ entendo a importância de ter pessoas LGBTQIAPN+ ocupando espaços de poder e destaque na nossa sociedade, como a mídia, o judiciário ou política, por exemplo.

Enquanto comunista, porém, entendo que mais importante que pessoas LGBTQIAPN+ nesses espaços é a destruição desses espaços. Tratam-se de espaços de perpetuação da opressão e da exploração, uma vez que reproduzem a ideologia dominante e mantêm a ordem estabelecida, pautada na desigualdade. Dessa forma, pouca será a valia de termos pessoas LGBTQIAPN+ ocupando espaços de opressão, reproduzindo uma lógica não libertadora, apenas trocando o papel do oprimido pelo do opressor.

O horizonte deverá ser sempre a destruição da atual estrutura e a construção de novas, pautadas na dignidade humana material e concreta, em que todas as pessoas possam coexistir em paz e em sua plenitude, e nas quais não caibam ideias e práticas discriminatórias de pessoas em razão das suas identidades de gênero e orientação sexual.

O mesmo vale para pessoas negras. Para mulheres. Para todos os grupos minorizados e oprimidos. Não se pode descolar as pautas antiopressão da luta de classes. Enquanto comunistas, nossa trilha deverá sempre conduzir à revolução socialista. Não conseguiremos chegar lá enquanto pessoas forem segregadas em razão da suas suas identidades de gênero, das suas orientações sexuais, dos seus sexos, das cores das suas peles. E menos ainda conseguiremos chegar lá enquanto nosso sonho de oprimidos for o de que um dia ocupemos os lugares dos opressores.

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