quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Não pechinche com o ambulante

Amiguinho, te mandar o papo reto aqui: um real que você pechincha no ambulante porque achou o cone de amendoim caro não vai te fazer mais rico, não. Na melhor da hipóteses, vai te ajudar a inteirar a grana daquele drink laranja e vermelho que você vai ostentar no Instagram depois de pagar uma fortuna, sem nem pedir um desconto para não passar esse vexame no loungezinho badalado, de onde você vai fazer questão de mostrar o check in nos stories. Para o vendedor, no entanto, pode ser a diferença entre levar ou não um quilo de arroz para casa.

"Ain, Guto, mas o cara tá cobrando cinco reais em um canudinho de amendoim. Com cinco reais eu compro meio quilo de amendoim e faço uns vinte canudos daquele!"

É mesmo, meu bem? Então da próxima vez, traz seu amendoim de casa. Mas, lembre que, com os cinco reais do seu meio quilo, o dono do supermercado não vai queimar os pés na areia da praia para levar até a sua mesa o salgadinho já torrado, temperado, prontinho para comer.

A pessoa que se submete a vender comida na praia andando o dia inteiro sob o sol escaldante e queimando os pés na areia não está "tirando vantagem" por estar cobrando dois ou três reais mais caros em seu produto. Mas, você pode estar tentando tirar dessa pessoa a possibilidade de jantar ao final do dia para que você tenha a sua vantagem de economizar um real. Num país em que trabalhador tá procurando osso de boi no lixo para ter o que comer, você deveria se envergonhar por achar que é um negocião voltar pra casa com dois reais a mais no bolso.

Valorize a classe trabalhadora. Esse um real que volta no seu bolso também é mais valia que você usurpou de um trabalhador.

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